Jean Jacques Coux (1890 – 1958), talvez o mais prolífico e influente escritor não publicado de sua época, atravessou duas guerras mundiais, e escreveu “uma mistura de diários e filosofias que poderiam ter mudado a história da humanidade, caso alguém as tivesse lido”, segundo seu principal pesquisador, Manuel Pinto Brochado.
Tendo lutado na primeira grande guerra, Coux tornou-se um homem solitário após ter sido abandonado por sua esposa em 1926, e passou a viver enclausurado em um banheiro no norte da França, onde não fazia nada além de escrever sua vasta obra em papel higiênico, o que não permitia que escrevesse grandes frases e limitou o estilo do escritor de maneira a transformá-lo em um mestre e precursor da filosofia minimalista. Nessa época, a desilusão amorosa o estimulou a escrever sua primeira obra autobiográfica-filosófica: “Ela tinha o Coux na mão”, de onde saiu a famosa máxima que resume o pensamento romântico-pessimista do entre-guerras “Onde será que deixei os meus óculos?”
Com a invasão da França pelos alemães, Coux se escondeu em uma banheira (local que os soldados alemães jamais procuravam franceses) onde ficou até 1957, quando o novo proprietário da casa, Luc Dubois, resolveu tomar banho e encontrou-o. Sem saber que a guerra havia terminado há mais de 10 anos, coube a Dubois introduzir as novidades a Coux, se tornando seu protetor e responsável pelo seu legado após a morte do filósofo em situação ainda não esclarecida, em 1958*. Foi dentro dessa banheira que produziu a sua principal obra, reunida em livro e editada sob o título de “O Buraco do Coux”, que agora finalmente tem seu primeiro volume lançado em português pela editora Contratempos Modernos (1053 páginas, com fotos coloridas - R$ 150,00), quase totalmente comentada pelo filósofo Manuel Pinto Brochado.
À primeira vista, as frases curtas deste francês podem parecer filosofia de banheiro, mas quando se trata de Coux, Pinto Brochado endurece: “O Coux é mais profundo do que as pessoas pensam. Quem diz que ele só fez merda, não se deu conta que o buraco é mais embaixo”.
Quem estiver fascinado por essa saga que atravessa os anos, pode esperar, pois está programado para sair em 2009 o filme, uma co-produção franco–iraniana, com belíssimas 9 horas e meia de duração sem diálogos, narrando com detalhes essa passagem de quase 20 anos em uma banheira.
Para deleite de seus leitores, enquanto o livro não chega às livrarias, Contratempos Modernos traz, em primeira mão, um trecho do livro, com o respectivo comentário de Pinto Brochado.
“31 de fevereiro de 1948 – Hoje não aconteceu nada.”
À primeira vista, para um desconhecedor de sua obra, essa observação pode parecer tendenciosamente socialista, mas sabemos que Coux sempre foi de centro e, portanto, esse trecho deve ser interpretado como um sarcasmo filosófico e uma crítica feroz a Kant, além de ser poeticamente sublime. Ao ler essa pequena sentença, podemos sentir o nada acontecendo de maneira inebriante e modificando a vida de um filósofo e perceber a paixão do autor por ver as colinas verdejantes, o avanço das tropas aliadas, o sangue da busca pela liberdade sendo derramado e os soldados nazistas dançando Hula-hula. Também fica muito claro para os conhecedores da vasta obra de Coux, a questão pós-freudiana do nada fálico como sublimante de uma relação edipiana com a banheira. (pag. 749)
*Na semana que vem estaremos publicando a resenha de “Uma luz onde o sol não bate”, uma pesquisa das evidências e versões controversas da morte de Jean Jacques Coux, escrito pela premiadíssima escritora, psicóloga, gari da filosofia e proctologista Ingrid Longfinger.
13 comentários:
Parece que também vai ter uma versão Hollywoodiana sobre a vida do Coux, cheia de explosões, monstros cheios de tentáculos, manobras impossíveis e um final clichê.
E quando estrear, o Mineiro e o Diogo vão ver no Bourbon Ipiranga.
Cara, muito bom seu texto!!! Ri muito, seu blog é ótimo!!!
Véio, muito afu!
quando eh a pré-estréia do filme??
HAUHAUHAUHA!!! PASSEI MAL!!!!!!!!!
Véio, cê tem q se dedicar mais à escrita!!!
E tô GARRADO nesse filme aí! Contanto que o Aleja seja o diretor e use muitas alegorias às obras do Stephen King em sua compressa descrição visual da apertada vida de Coux!
O Vinicius só vai ver se o filme for pseudo intelectual contemplativo do neomomento do vanguardismo de retaguarda. Vinicius, não tome Coux tão a sério, relaxe!
É instigante pensar no significado da densa obra do Coux! Pela amostra, percebe-se um conteúdo que, embora sólido, flui com facilidade. Lamentável que toda esta poesia tenha sido ignorada até agora...
E eu pensando que a obra do Coux fosse uma merda. Claramente não interpretei corretamente seu conteúdo
coux.com
realmente a tendencia minimalista foi levada ao extremo. o site é um cu.
tive uma epifania: esse blog é sobre literatura de banheiro - quadrinhos e Coux!
merci "beaucoux", Odigo, por resgatar esse importante capítulo da filosofia mundial!!
que viagem!!
Yuri kun, deletei meu blog! =D
Bacana seu texto...gente que pensa, isso tem ficado raro neh?ainda bem que a blogosfera tem dado movimento ao pensamento humano.
Visite a gente!
Bye
leda
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